Outside Looking In

ou: Who Am I?

Wednesday, October 18, 2006

Quando por fim chegou a terça feira, tive perfeita noção da
importancia que tinham para mim as relações com aquela moça, uma
simples desconhecida, e isso me encheu de espanto. Só pensava nela,
esperava tudo dela, estava disposto a sacrificar-lhe tudo e por tudo a
seus pés, embora não estivesse em absoluto enamorado dela. Bastava
imaginar que não compareceria ao encontro ou que dele se houvesse
esquecido, para ver claramente o que ela representava para mim; (...)
De onde ela tirava essa força, de onde lhe vinha a magia, de que
profundos abismos se elevava até ela essa profunda significação que
tinha para mim? Não sabia, e não me importava sabe-lo. Bastava-me
saber de sua existência. Nenhuma ciência, nenhum conhecimento me
importava tanto; estava saciado deles, precisamente nisto consistia a
ignomínia e o tormento mais agudos de que eu padecia: ver claramente
meu próprio estado, ter perfeita consciencia dele. (...) O que mais me
fazia falta, aquilo por que suspirava tão desesperadamente, não era
saber e compreender, mas vida, decisão, movimento e impulso.